segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Olá... Este blog já está inativo faz algum tempo...

Agora (fevereiro de 2013) estou reorganizando em uma nova página, acrescentando sugestões de leitura, materiais e atividades:

- acessar o material disponível para o colégio:www.fabiolucio.webnode.com

acessar o material disponível para a faculdade:www.fabiozanella.webnode.com

Agradeço sua visita!



Fábio Lúcio Zanella
Professor de Língua Portuguesa

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VOCABULÁRIO - TEXTO: URIRI E BERTOLINA

Tocam roça – plantam
Assentamento – no interior
Igreja verde – cemitério
Abestado – bobo, sem iniciativa
Mé – cachaça, pinga, bebida alcoólica
À rua – à cidade
Mode – porque
Baticum – taquicardia
Curuba – ferida, machucado
Dotora – doutora, médica
Rancho – compra de uma ou duas semanas
Turvo – escuro, noite
Juquira da grossa – trabalho pesado
Patroa – esposa
Homi – mulher ou homem
Quebra-jejum – café da manhã ou almoço
Avexado – apressado ou envergonhado
Pixicado – carne com outra mistura (legumes ou outras carnes)
Frito – farofa de carne ou frango
Modubim – amendoim
Mangolão – biscoito da região
Chambari – caldo de perna de vaca
Pegado – rapa de arroz
Arroz de leite – arroz doce
Simbireba – suco grosso com farinha de puba (farinha típica do norte e do nordeste)
Passa-raiva – mamão
Jerimum – abóbora madura
Aipim – mandioca
Azuado – agitado
Seboso – sujo
Gongó gomado – calção passado a ferro
Lambreta – sandália
Tapioca – polvilho
Jóia – prenda para a festa da igreja
Boroca – sacola para viagem
Banzo – tristeza, moleza
Curiando – olhando, observando
Cunhã – índia
Tibuzana – barulho intenso, bagunça, algazarra
Rango – comida, almoço
Aperreado – apressado, agitado, nervoso
Batido as botas – morrido
Sentinela – enterro, sepultamento
Farda – uniforme escolar
Corno – besta, atrapalhado, sem vergonha
Cria – filha
Mal de sete dias – tétano
Paninho – fralda
Espiá – olhar

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O GATO PRETO

O GATO PRETO


(Edgar Allan Poe)





Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo, num caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo, louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma. Meu imediato propósito é apresentar ao mundo, plena, sucintamente e sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Pelas suas conseqüências, estes acontecimentos, me aterrorizam, me torturaram e me aniquilaram. Entretanto, não tentarei explicá-los. Para mim, apenas se apresentam cheios de horror. Para muitos, parecerão menos terríveis do que grotescos. Mais tarde, talvez, alguma inteligência se encontre que reduza meu fantasma a um lugar comum, alguma inteligência mais calma, mais lógica, menos excitável do que a minha e que perceberá nas circunstâncias que pormenorizo com terror apenas a vulgar sucessão de causas e efeitos, bastante naturais.

Salientei-me desde a infância, pela docilidade e humanidade de meu caráter. Minha ternura de coração era mesmo tão notável que fazia de mim motivo de troça de meus companheiros. Gostava de modo especial de animais e meus pais permitiam que eu possuísse grande variedade de bichos favoritos. Gastava com eles a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava comida e os acariciava. Esta particularidade de caráter aumentou com o meu crescimento e, na idade adulta, dela extraia uma de minhas principais fontes de prazer. Àqueles que tem dedicado a afeição a um cão fiel e inteligente pouca dificuldade tenho em explicar a natureza ou a intensidade da recompensa que daí deriva. Há qualquer coisa no amor sem egoísmo e abnegado de um animal que atinge diretamente o coração de quem tem tido freqüentes ocasiões de experimentar a amizade mesquinha e a fidelidade frágil do simples Homem.

Casei-me ainda moço e tive a felicidade de encontrar em minha mulher um caráter adequado ao meu. Observando minhas predileções pelos animais domésticos, não perdia ela a oportunidade de procurar os das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho e um gato. Este último era um belo animal, notavelmente grande, todo preto e de uma sagacidade de espantar. Ao falar da inteligência dele, mulher que no íntimo não tinha nem um pouco de superstição, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular que olhava todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não que ela se mostrasse jamais séria preocupação a respeito desse ponto, e eu só menciono isso final, pelo simples fato de, justamente agora, ter-me vindo à lembrança.

Plutão - assim se chamava o gato - era o meu preferido e companheiro. Só eu lhe dava de comer e ele me acompanhava por toda a parte da casa, por onde eu andasse. Era mesmo com dificuldade que eu conseguia impedi-lo de acompanhar-me pelas ruas. Nossa amizade durou, desta maneira, muitos anos, nos quais , meu temperamento geral e meu caráter - graças à diabólica esperança - tinham sofrido (coro de confessá-lo) radical alteração para pior. Tornava-me dia a dia mais taciturno, mais irritável, mais descuidoso dos sentimentos alheios. Permiti me mesmo usar linguagem brutal para com minha mulher. Por fim, cheguei mesmo a usar de violência corporal. Meus bichos, sem dúvida, tiveram que sofrer essa mudança de meu caráter. Não somente descuidei-me deles, como os maltratava.

Quanto a Plutão, porém, tinha para com ele, ainda, suficiente consideração que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o macaco ou mesmo o cachorro, quando, por acaso ou por afeto, se atravessavam em meu caminho. Meu mal, contudo, aumentava, pois que outro mal se pode comparar ao álcool?

E, por fim, até mesmo Plutão, que estava agora ficando velho e, em conseqüência, um tanto impertinente, até mesmo Plutão começou a experimentar do meu mau temperamento.

Certa noite, de volta a casa, bastante embriagado, de uma das tascas dos subúrbios, supus que o gato evitava minha presença. Agarrei-o, mas, nisto, amedrontado com a minha violência ele me deu uma leve dentada na mão. Uma fúria diabólica apossou-se instantaneamente de mim. Cheguei a desconhecer-me. Parecia que alma original me havia abandonado de repente o corpo e uma maldade mais do que satânica, saturada de álcool, fazia vibrar todas as fibras de meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri, agarrei o pobre animal pela garganta e, deliberadamente, arranquei-lhe um dos olhos da órbita! Coro, abraso-me, estremeço ao narrar a condenável atrocidade.

Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando, com o sono desfiz os fumos da noite de orgia, experimentei uma sensação meio de horror, meio de remorso pelo crime de que me tornara culpado. Mas era, quando muito, uma sensação fraca e equívoca e a alma permanecia insensível. De novo mergulhei em excessos e logo afoguei no vinho toda a lembrança do meu ato.

Enquanto isso o gato, pouco a pouco, foi sarando. A órbita do olho arrancado tinha, é verdade, uma horrível aparência, mas ele parecia não sofrer mais nenhuma dor. Andava pela casa como de costume, mas, como era de esperar, fugia com extremo terror a minha aproximação. Restava-me ainda bastante de meu antigo coração, para que me magoasse, a princípio, aquela evidente aversão por parte de uma criatura que tinha sido outrora tão amada por mim. Mas esse sentimento em breve deu lugar à irritação. E então apareceu, como para minha queda final e irrevogável, o espírito de perversidade. Desse espírito não cuida a filosofia. Entretanto, tenho menos certeza da existência de minha alma do que de ser essa perversidade um dos impulsos primitivos do coração humano, uma das indivisíveis faculdades primárias, ou sentimentos, que dão direção ao caráter do homem.

Quem não se achou centenas de vezes a cometer um ato vil ou estúpido, sem outra razão senão a de saber que não devia cometê-lo? Não temos nós uma perpétua inclinação apesar de nosso melhor bom-senso, para violar o que é a lei, pelo simples fato de compreendermos que ela é a Lei? O espírito de perversidade, repito, veio a causar, minha derrocada final. Foi esse anelo insondável da alma, de torturar-se a si próprio, de violentar a sua própria natureza, de praticar o mal que pelo mal, que me levou a continuar e, por fim, a consumar a tortura que já havia infringido ao inofensivo animal.

Certa manhã, a sangue-frio, enrolei em seu pescoço e enforquei-o no ramo de uma árvore, enforquei-o com as lágrimas jorrando-me dos olhos e com o mais amargo remorso no coração. Enforquei-o porque sabia que ele me tinha amado e porque sentia que ele não me tinha dado razão para ofendê-lo. Enforquei-o porque sabia que, assim fazendo, estava cometendo um pecado, um pecado mortal, que iria pôr em perigo a minha alma imortal, colocando-a - se tal coisa fosse possível - mesmo fora do alcance da infinita misericórdia do mais misericordioso terrível Deus.

Na noite do dia no qual pratiquei essa crudelíssima façanha fui despertado do sono pelos gritos de: "Fogo!" As cortinas de minha cama estavam em chamas. A casa inteira ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu mesmo conseguimos escapar ao incêndio. A destruição foi completa. Toda a minha fortuna foi tragada, e entreguei-me desde então ao desespero.

Não tenho a fraqueza de buscar estabelecer uma relação de causa e efeito entre o desastre e a atrocidade, mas estou relatando um encadeamento de fatos e não desejo que nem mesmo um possível elo seja negligenciado. Visitei os escombros no dia seguinte ao incêndio. Todas as paredes tinham caído, exceto uma, e esta era de um aposento interno, não muito grossa, que se situava mais ou menos no meio da casa e contra a qual permanecera a cabeceira de minha cama. O estuque havia, em grande parte, resistido ali à ação do fogo, fato que atribui a ter sido ele recentemente colocado. Em torno dessa parede reuniu-se compacta multidão e muitas pessoas pareciam estar examinando certa parte especial dela, com uma atenção muito ávida e minuciosa. As palavras "estranho, singular!" e expressões semelhantes excitaram minha curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem fora reproduzida com uma nitidez verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em redor do pescoço do animal.

Ao dar, a princípio, com essa aparição, pois não podia deixar de considerá-la senão isso - meu espanto e meu terror foram extremos. Mas, afinal, a reflexão veio em meu auxilio. O gato, lembrava-me, tinha sido enforcado num jardim, junto da casa. Ao alarme de fogo, esse jardim se enchera imediatamente de povo e alguém deve ter cortado a corda que prendia o animal à árvore e o lançara por uma janela aberta dentro de meu quarto. Isto fora provavelmente feito com o propósito de despertar-me. A queda de outras paredes tinha comprimido a vítima de minha crueldade de encontro à massa do estuque, colocado de pouco, cuja cal, com as chamas e o amoníaco do cadáver, traçara então a imagem tal como a vimos.

Embora assim prontamente procurasse satisfazer a minha razão, senão de todo a minha consciência, a respeito do surpreendente fato que acabo de narrar, nem por isso deixou ele de causar profunda impressão na minha imaginação. Durante meses, eu não me pude libertar do fantasma do gato e, nesse período, voltava-me ao espírito um vago sentimento que parecia remorso, mas não era. Cheguei a ponto de lamentar a perda do animal e de procurar, entre as tascas ordinárias que eu agora habitualmente freqüentava, outro bicho da mesma espécie e de aparência um tanto semelhante com que substituí-lo.

Certa noite, sentado, meio embrutecido, num antro mais que infame, minha atenção foi de súbito atraída para uma coisa preta que repousava em cima de um dos imensos barris de genebra ou de rum que constituíam a principal mobília da sala. Estivera a olhar fixamente para o alto daquele barril, durante alguns minutos, e o que agora me causava surpresa era o fato de que não houvesse percebido mais cedo a tal coisa ali situada.

Aproximei-me e toquei-a com a mão um gato preto, um gato bem grande, tão grande como Plutão, e totalmente semelhante a ele, exceto em um ponto. Plutão não tinha pêlos brancos em parte alguma do corpo, mas este gato tinha uma grande, embora imprecisa, mancha branca cobrindo quase toda a região do peito.

Logo que o toquei, ele imediatamente se levantou, ronronou alto, esfregou-se contra minha mão e pareceu satisfeito com o meu carinho. Era pois, aquela a criatura mesma que eu procurava. Imediatamente, tentei comprá-lo ao taverneiro, mas este disse que não lhe pertencia o animal, nada sabia a seu respeito e nunca o vira antes.

Continuei minhas carícias, e, quando me preparei para voltar para casa, o animal deu mostras de querer acompanhar-me. Deixei que assim o fizesse, curvando-me, às vezes, e dando-lhe palmadinhas, enquanto seguia. Ao chegar à casa, ele imediatamente se familiarizou com ela e se tornou desde logo grande favorito de minha mulher.

De minha parte, depressa comecei a sentir despertar-se em mim antipatia contra ele. Isto era, precisamente, o reverso do que eu tinha previsto, mas - não sei como ou por quê - sua evidente amizade por mim antes me desgostava e aborrecia. Lenta e gradativamente esses sentimentos de desgosto e aborrecimento se transformaram na amargura do ódio. Evitava o animal; certa sensação de vergonha e a lembrança de minha antiga crueldade impediam-me de maltratá-lo fisicamente.

Durante algumas semanas abstive-me de bater-lhe ou de usar contra ele de qualquer outra violência; mas gradualmente, bem gradualmente, passei a encará-lo com indizível aversão e a esquivar-me, silenciosamente, à sua odiosa presença, como a um hálito pestilento.

O que aumentou sem dúvida meu ódio pelo animal foi a descoberta, na manhã seguinte à em que o trouxera para casa, de que como Plutão, fora também privado de um de seus olhos. Essa circunstância, porém, só fez aumentar o carinho de minha mulher por ele; ela, como já disse, possuía, em alto grau, aquela humanidade de sentimento que fora outrora o traço distintivo e a fonte de muitos dos meus mais simples e mais puros prazeres.

Com a minha aversão àquele gato, porém, sua predileção por mim parecia aumentar. Acompanhava meus passos com uma pertinácia que o leitor dificilmente compreenderá. Em qualquer parte onde me sentasse, enroscava-se ele debaixo de minha cadeira ou pulava sobre meus joelhos, cobrindo-me com suas carícias repugnantes. Se me levantava para andar, metia-se entre meus pés, quase a derrubar-me, ou cravando suas longas e agudas garras em minha roupa, subia dessa maneira até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse o desejo ardente de matá-lo com uma pancada, era impedido de fazê-lo, em parte por me lembrar de meu crime anterior mas, principalmente - devo confessá-lo sem demora -, por absoluto pavor do animal.

Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia como defini-lo de outra forma. Tenho quase vergonha de confessar - sim, mesmo nesta cela de criminoso, tenho quase vergonha de confessar que o terror e o horror que o animal me inspirava tinham sido aumentados por uma das mais simples quimeras que seria possível conceber. Minha mulher chamara mais de uma vez minha atenção para a natureza da marca de pêlo branco de que falei e que constituía a única diferença visível entre o animal estranho e o que eu havia matado. O leitor há de recordar-se que esta mancha, embora grande, fora a princípio de forma bem imprecisa. Mas por leves gradações, gradações quase imperceptíveis e que, durante muito tempo, a razão forcejou para rejeitar como imaginárias, tinha afinal assumido uma rigorosa precisão de contorno. Era agora a reprodução de um objeto que tremo em nomear e por isso, acima de tudo, eu detestava e temia o monstro e ter-me- ia livrado dele, se o ousasse. Era agora, digo, a imagem de uma coisa horrenda, de uma coisa apavorante. . . a imagem de uma forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte!

E então eu era em verdade um desgraçado, mais desgraçado que a própria desgraça humana. E um bronco animal, cujo companheiro eu tinha com desprezo destruído, um bronco animal preparava para mim - para mim, homem formado à imagem do Deus Altíssimo - tanta angústia intolerável! Ai de mim! Nem de dia nem de noite era-me dado mais gozar a bênção do repouso! Durante o dia, o bicho não me deixava um só momento e, de noite, eu despertava, a cada instante, de sonhos de indizível pavor, para sentir o quente hálito daquela coisa no meu rosto e o seu enorme peso, encarnação de pesadelo, que eu não tinha forças para repelir, oprimindo eternamente o meu coração!

Sob a pressão de tormentos tais como estes, os fracos restos de bondade que haviam em mim sucumbiram. Meus únicos companheiros eram os maus pensamentos, os mais negros e maléficos pensamentos.O mau-humor de meu temperamento habitual aumentou, levando-me a odiar todas as coisas e toda a humanidade. Minha resignada esposa, porém, era a mais constante e mais paciente vítima das súbitas, freqüentes e indomáveis explosões de uma fúria a que eu agora me abandonava cegamente.

Certo dia ela me acompanhou, para alguma tarefa doméstica, até a adega do velho prédio que nossa pobreza nos compelira a ter de habitar. O gato desceu os degraus seguindo-me e quase me lançou ao chão, exasperando-me até a loucura. Erguendo um machado e esquecendo na minha cólera o medo pueril que tinha até ali sustido minha mão, descarreguei um golpe no animal, que teria, sem dúvida, sido instantaneamente fatal se eu o houvesse assestado como desejava.

Mas esse golpe foi detido pela mão de minha mulher. Espicaçado por esta essa intervenção, com uma raiva mais do que demoníaca, arranquei meu braço de sua mão e enterrei o machado no seu crânio. Ela caiu morta imediatamente, sem um gemido.

Executado tão horrendo crime, logo e com inteira decisão entreguei-me à tarefa de ocultar o corpo. Sabia que não podia removê-lo da casa nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser observado pelos vizinhos. Muitos projetos me atravessavam a mente. Em dado momento pensei em cortar o cadáver em pedaços miúdos e queimá-los. Em outro, resolvi cavar uma cova para ele no chão da adega. De novo, deliberei lançá-lo no poço do pátio, metê-lo num caixote, como uma mercadoria, com os cuidados usuais, e mandar um carregador retirá-lo da casa. Finalmente, detive-me no considerei um expediente bem melhor que qualquer um destes. Decidi emparedá-lo na adega, como se diz que os monges da Idade média emparedavam suas vítimas.

Para um objetivo semelhante estava a adega bem adaptada. Suas paredes eram de construção descuidada e tinham sido ultimamente recobertas, por completo, de um reboco grosseiro, cujo endurecimento a umidade da atmosfera impedira. Além disso, em uma das paredes havia uma saliência causada por uma falsa chaminé ou lareira que fora tapada para não se diferençar do resto da adega. Não tive dúvidas de que poderia prontamente retirar os tijolos naquele ponto, introduzir o cadáver e emparedar tudo como antes, de modo que olhar algum pudesse descobrir qualquer coisa suspeita. E não me enganei nesse cálculo. Por meio do um gancho, desalojei facilmente os tijolos e, tendo cuidadosamente depositado o corpo contra a parede interna, sustentei-o nessa posição, enquanto, com pequeno trabalho, repus toda a parede no seu estado primitivo. Tendo procurado argamassa, areia e fibra, com todas as precauções possíveis, preparei um estuque que não podia ser distinguido do antigo e com ele, cuidadosamente, recobri o novo entijolamento. Quando terminei, senti-me satisfeito por ver que tudo estava direito. A parede não apresentava a menor aparência de ter sido modificada. Fiz a limpeza do chão, com o mais minucioso cuidado. Olhei em torno com ar triunfal e disse a mim mesmo: "Aqui, pelo menos pois, meu trabalho não foi em vão!"

Tratei, em seguida, de procurar o animal que fora causa de tamanha desgraça, pois resolvera afinal decididamente matá-lo. Se tivesse podido encontrá-lo naquele instante, não poderia haver dúvida a respeito de sua sorte. Mas parecia que o manhoso animal ficara alarmado com a violência de minha cólera anterior e evitava arrostar a minha raiva do momento.

É impossível descrever ou imaginar a profunda e abençoada sensação de alívio que a ausência da detestada criatura causava no meu íntimo. Não me apareceu durante a noite. E assim, por uma noite pelo menos, desde que ele havia entrado pela casa, dormi profunda e tranqüilamente. Sim, dormi, mesmo com o peso de uma morte na alma.

O segundo e o terceiro dia se passaram e, no entanto, o meu carrasco não apareceu. Mais uma vez respirei como um livre. Aterrorizado, o monstro abandonara a casa para sempre! Não mais o veria! Minha ventura era suprema! Muito pouco me perturbava a culpa de minha negra ação. Poucos interrogatórios foram feitos e tinham sido prontamente respondidos. Dera-se mesmo uma busca, mas, sem dúvida, nada foi encontrado. Considerava assegurada a minha futura felicidade.

No quarto dia depois do crime, chegou, bastante inesperadamente à casa um grupo de policiais, que procedeu de novo a investigação dos lugares. Confiando, porém, na impenetrabilidade do meu esconderijo, não senti o menor incômodo. Os agentes ordenaram-me que os acompanhasse em sua busca. Nenhum escaninho ou recanto deixaram inexplorado. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram à adega. Nenhum músculo meu estremeceu. Meu coração batia calmamente, como o de quem dorme o sono da inocência. Caminhava pela adega de ponta a ponta; cruzei os braços no peito e passeava tranqüilo para lá e para cá. Os policiais ficaram inteiramente satisfeitos e prepararam-se para partir. O júbilo de coração era demasiado forte para ser contido. Ardia por dizer ao menos uma palavra, a modo de triunfo, e para tornar indubitavelmente segura a certeza neles de minha inculpabilidade.

- Senhores - disse, por fim, quando o grupo subia a escada - sinto-me encantado por ter desfeito suas suspeitas. Desejo a todos saúde e um pouco mais de cortesia. A propósito, cavalheiros, esta é uma casa muito bem construída. . . (no meu violento desejo de dizer alguma coisa com desembaraço, eu mal sabia o que ia falando). Posso afirmar que é uma casa excelentemente bem construída. Estas paredes.. . já vão indo, senhores?. . . estas paredes estão solidamente edificadas.Por simples frenesi de bravata, bati pesadamente com uma bengala que tinha na mão justamente naquela parte do entijolamento, por trás do qual estava o cadáver da mulher de meu coração.

Mas praza a Deus proteger-me e livrar-me das garras do demônio! Apenas mergulhou no silêncio a repercussão de minhas pancadas e logo respondeu-me uma voz do túmulo. Um gemido, a princípio velado e entrecortado como o soluçar de uma criança, que depois, rapidamente se avolumou, num grito prolongado, alto e contínuo, extremamente anormal e inumano, um urro, um guincho lamentoso, meio de horror e meio de triunfo, como só do Inferno se pode erguer a um tempo, das gargantas dos danados na sua agonia, e dos demônios que exultam na danação.

Loucura seria falar de meus próprios pensamentos. Desfalecendo, recuei até a parede oposta. Durante um minuto, o grupo que se achava na escada ficou imóvel, no paroxismo do medo e do pavor. Logo depois, uma dúzia de braços robustos se atarefava em desmantelar a parede. Ela caiu inteiriça. O cadáver, já grandemente decomposto, e manchado de coágulos de sangue, erguia-se, ereto, aos olhos dos espectadores. Sobre sua cabeça, com a boca vermelha escancarada, o olho solitário chispante, estava assentado o horrendo animal cuja astúcia me induzira ao crime e cuja voz delatora me havia apontado ao carrasco.

Eu havia emparedado o monstro no túmulo!




(fim)

terça-feira, 31 de maio de 2011

SALA DE APOIO - MACACOS ME MORDAM

Macacos me mordam
(Fernando Sabino)


Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus:

Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.

Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu resposta:

“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.

Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio comunicar-lhe:

– Professor, chegou sua encomenda. Aqui esta o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem especial.

E acrescentou:

– É macaco que não acaba mais!

Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira “1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:

Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.

Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:

– O que será que o professor pretende com tanto macaco?

E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:

– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.

O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:

– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada para sua casa.

– Para minha casa? Você está maluco?

O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:

– Macacos me mordam!

– Macaco, olha o teu rabo.

A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.

– Mandar de volta por conta da prefeitura?

– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.

– O professor muito menos.

– Já estão famintos, não sei o que fazer.

– Matar? Mas isso seria uma carnificina!

– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom prato...

Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte, alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra, imediatamente invadiu a cidade em panico. Naquela noite ninguém teve sossego. Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema, horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.

No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia.

Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta, outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado, esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.

Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo em Manaus:

Seguiu resto encomenda”.

Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.

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Fonte: SABINO, Fernando. O homem nu: crônicas. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p.56-58; 110-13.

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Copie no caderno as perguntas e faça as respostas.

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Depois de ler atentamente o texto "Macacos me mordam", responda às seguintes perguntas:

01 - Quem são os personagens que participam?

02 - Que lugar que acontece a história?

03 - Qual foi o pedido do professor?

04 - Quantos macacos foram enviados na primeira remessa?

05 - O que as pessoas pensavam em fazer com tantos macacos?

06 - De que lugar que vieram os macacos?

07 - Por que o pedido veio errado?

08 - Como ficou o comportamento do professor?

09 - O que o professor fez quando soube que viriam mais macacos?

10 - Que parte da história mais chamou sua atenção? por quê?

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sexta-feira, 4 de março de 2011

ATIVIDADES DE APOIO

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TEXTO 1

O gato vaidoso

Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desiguais na sorte.

Um, mimado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho.

Um passava a leite e comia no colo. O outro por feliz se dava com as espinhas de peixe do lixo.

Certa vez cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:

___Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa de largo...

___ Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te que somos irmãos, criados no mesmo ninho.

___Sou nobre! Sou mais que tu!

___Em quê? Não mias como eu?

___ Mio.

___Não tens rabo como eu?

___Tenho.

___Não caças ratos como eu?

___ Caço.

___ Não comes rato como eu?

___Como.

___Logo, não passas de um simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista desse orgulho idiota e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens... O que tens é apenas um bocado mais de sorte...

___________________________________________
De acordo com texto assinale a alternativa correta:

1) Os gatos eram desiguais :
a) no pelo

b) na sorte

c) na linhagem


2) O gato vaidoso era muito :

a) orgulhoso

b) humilde

c) amigo


3) O gato orgulhoso se alimentava de:

a) espinhas de peixe

b) restos de lixo

c) leite


4) Escreva (V) para verdadeiro e (F) para falso

a) Os gatos têm o mesmo pelo, são iguaizinhos, porque são irmãos.

b) apesar de viverem em condições diferentes, os gatos tinham as mesmas atitudes, como por exemplo, caçar ratos.

c) Os gatos se encontraram no telhado da casa.

d) Um gato tinha mais nobreza do que o outro apesar de serem iguais.


5) Escreva alguma mensagem podemos tirar deste texto?



________________________________________
TEXTO 2

Família de Gatos

Nós somos os três irmãos gatinhos, nossa mãe gata teve oito filhotes na mesma ninhada.

Somente nós ficamos juntos, os outros cinco foram doados.

Gostamos muito de brincar, um dia pulamos corda, outro dia brincamos de bola e as vezes fazemos longos passeios pela vizinhança.

Em um destes passeios quase nos metemos em uma tremenda encrenca, meu irmão, o de camisa azul, propôs a nós dois que saíssemos para explorar o outro lado da rua, nunca havíamos ido até lá, nossos passeios se limitavam ao nosso lado da rua, duas casas para a direita e três casas para a esquerda de onde morávamos.

Relutei em aceitar, fizemos uma votação, o placar foi de dois a um, perdi e tive de aceitar a decisão do grupo.

Eram mais ou menos três horas da tarde quando nossa aventura começou, saímos de casa e paramos no meio fio, olhamos para um lado e para outro, tinha poucos carros na rua, atravessamos sem problemas.

Do outro lado havia uma uma grande casa pintada de verde, entramos pelo vão do portão e contornamos a construção, fomos parar em um grande e bonito jardim que ficava atrás da casa, lá existiam muitos brinquedos espalhados pelo chão, estes brinquedos certamente eram das crianças da casa, que não estavam ali por causa do calor do meio da tarde.

Olhamos um para o outro e não hesitamos, brincamos com a bola vermelha, com a gangorra amarela e com o trenzinho de seis vagões.

Nem percebemos e a noite chegou, foi quando decidimos voltar para casa, retornamos pelo mesmo caminho, paramos novamente no meio fio e não acreditamos no que víamos, eram carros e mais carros que passavam e não paravam, aquilo não tinha fim.

Neste dia fizemos uma descoberta, é no inicio da noite que as pessoas voltam para casa do trabalho e isto faz o número de automóveis na rua aumentar, tivemos de esperar mais de duas horas para conseguir atravessar a rua.

Chegamos em casa depois das nove horas da noite. Ainda bem que as pessoas que dirigem carros dormem, imagine só se não parasse de passar carros, talvez a gente estivesse lá até hoje.

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Copie e responda as rerguntas abaixo:
Cada resposta é composta de apenas uma palavra.

1) Quantos gatinhos nasceram na mesma ninhada dos três irmãos gatos?

2) Quantos gatos foram doados?


3) A que horas os irmãos gatos saíram para a aventura no outro lado da rua?


4) O que existia atrás da casa verde e era grande e bonito?


5) Que cor era a bola com que eles brincaram?


6) Dos brinquedos citados no texto, qual era amarelo?


7) Segundo o texto, de onde as pessoas voltam para casa no inicio da noite?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

TEXTO 1
Macacos me mordam
(Fernando Sabino)


Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo seu, residente em Manaus:

Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.

Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu resposta:

“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.

Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio comunicar-lhe:

– Professor, chegou sua encomenda. Aqui esta o conhecimento para o senhor assinar. Foi preciso trem especial.

E acrescentou:

– É macaco que não acaba mais!

Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira “1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:

Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.

Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:

– O que será que o professor pretende com tanto macaco?

E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:

– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.

O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:

– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada para sua casa.

– Para minha casa? Você está maluco?

O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:

– Macacos me mordam!

– Macaco, olha o teu rabo.

A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.

– Mandar de volta por conta da prefeitura?

– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.

– O professor muito menos.

– Já estão famintos, não sei o que fazer.

– Matar? Mas isso seria uma carnificina!

– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom prato...

Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte, alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra, imediatamente invadiu a cidade em panico. Naquela noite ninguém teve sossego. Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema, horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.

No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia.

Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta, outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado, esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.

Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo em Manaus:

Seguiu resto encomenda”.

Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.

___________________
Fonte: SABINO, Fernando. O homem nu: crônicas. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p.56-58; 110-13.

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Copie no caderno as perguntas e faça as respostas.

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Depois de ler atentamente o texto "Macacos me mordam", responda às seguintes perguntas:

01 - O que aconteceu de marcante nessa história?

02 - Quem são os personagens que participam?

03 - Como acontecem os fatos? Qual a sequência dos acontecimentos?

04 - Em que lugar? Quais lugares são indicados no texto?

05 - Quando aconteceu? Tem alguma indicação da época ou período na história?

06 - Por quê o personagem teve problemas com a encomenda dos macacos? Por quê aconteceu essa confusão?

07. O que esses problemas causaram? Qual foi a consequência para o personagem principal?

O RESUMO é uma atividade muito importante para a vida do estudante.Na prática, o resumo é uma anotação simples das ideias principaisde um texto ou dos acontecimentos mais importantes de uma história.

Agora, em uma folha separada, dê um novo título para o texto acima e faça um resumo que tenha, no mínimo 10 e no máximo 15 linhas.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

TEXTO 2

A MENINA QUE FEZ A AMÉRICA
Eu vou morrer um dia, porque tudo que nasce também morre: bicho, planta, mulher, homem. Mas histórias podem durar depois de nós. Basta que sejam postas em folhas de papel e que suas letras mortas sejam ressuscitadas por olhos que saibam ler. Por isso, aqui está para vocês o papel da minha história: uma vida-menina para as meninas-dos-seus-olhos.
Vou contar…
Eu nasci no ano de 1890, numa pequena aldeia da Calábria, ao sul da Itália. E onde fica a Itália?… É só olhar um mapa da Europa e procurar uma terra em forma de bota, que dá um pontapé no Mar Mediterrâneo e um chute de calcanhar no Mar Adriático.
É lá.
Lá, nessa terra entre mares, foi que eu nasci num dia de inverno, quando as flores silvestres que perfumavam o ar puro dos campos da minha aldeia estavam à espera do florescer da primavera. Saracema: este era o nome do lugar pequenino onde eu nasci. Eu disse “era”, embora o lugar ainda existia e tenha crescido, como eu também cresci. Mas, como nunca mais voltei para lá, acho que não pode se mais o mesmo que conheci e onde vivi até os dez anos de idade. A Saracena de 1890 era aquela sem a comunicação do telefone, os sons do rádio e as imagens da televisão nas casas; sem o eco dos carros e das motocicletas nas estradas ou o ronco dos aviões sobre telhados. A música que andava no ar, nos tempos da minha infância, vinha do canto dos pássaros, do chiar das rodas das carroças, das batidas dos cascos dos cavalos, do burburinho do risco das crianças e do lamento dos sinais das igrejas. Essa era a voz da terra onde começava a minha vida e terminava o meu mundo.
Nunca cheguei a conhecer meu pai, Domenico Gallo. Só em retrato: um homem alto, bonito, de finos bigodes. Dizem que ele ficou muito feliz quando eu e meu irmãozinho Caetano nascemos. Ah, esqueci de dizer que meu nome é Fortunata e que, quando menina, me chamavam de Fortunatella.
(Laurito, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América. São Paulo, FTD)

Responda as Perguntas Abaixo:
a) Quando e onde a menina nasceu?
b) Até que idade ele viveu em Saracena?
c) Como a menina se chamava? Como a menina era chamada quando pequena?
d) Quem era Caetano e Domenico?
e) De que modo Fortunata conhecia seu pai?
f) Você acha que a menina teve uma infância feliz? Por quê?
g) Se você tivesse de dar outro título ao texto, qual seria? Por quê?

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TEXTO 2

Família de Gatos
Nós somos os três irmãos gatinhos, nossa mãe gata teve oito filhotes na mesma ninhada.
Somente nós ficamos juntos, os outros cinco foram doados.
Gostamos muito de brincar, um dia pulamos corda, outro dia brincamos de bola e as vezes fazemos longos passeios pela vizinhança.
Em um destes passeios quase nos metemos em uma tremenda encrenca, meu irmão, o de camisa azul, propôs a nós dois que saíssemos para explorar o outro lado da rua, nunca havíamos ido até lá, nossos passeios se limitavam ao nosso lado da rua, duas casas para a direita e três casas para a esquerda de onde morávamos.
Relutei em aceitar, fizemos uma votação, o placar foi de dois a um, perdi e tive de aceitar a decisão do grupo.
Eram mais ou menos três horas da tarde quando nossa aventura começou, saímos de casa e paramos no meio fio, olhamos para um lado e para outro, tinha poucos carros na rua, atravessamos sem problemas
Do outro lado havia uma uma grande casa pintada de verde, entramos pelo vão do portão e contornamos a construção, fomos parar em um grande e bonito jardim que ficava atrás da casa, lá existiam muitos brinquedos espalhados pelo chão, estes brinquedos certamente eram das crianças da casa, que não estavam ali por causa do calor do meio da tarde.
Olhamos um para o outro e não hesitamos, brincamos com a bola vermelha, com a gangorra amarela e com o trenzinho de seis vagões.
Nem percebemos e a noite chegou, foi quando decidimos voltar para casa, retornamos pelo mesmo caminho, paramos novamente no meio fio e não acreditamos no que víamos, eram carros e mais carros que passavam e não paravam, aquilo não tinha fim.
Neste dia fizemos uma descoberta, é no inicio da noite que as pessoas voltam para casa do trabalho e isto faz o número de automóveis na rua aumentar, tivemos de esperar mais de duas horas para conseguir atravessar a rua. Chegamos em casa depois das nove horas da noite.
Ainda bem que as pessoas que dirigem carros dormem, imagine só se não parasse de passar carros, talvez a gente estivesse lá até hoje.

Responda as Perguntas Abaixo:
Cada resposta é composta de apenas uma palavra.
1) Quantos gatinhos nasceram na mesma ninhada dos três irmãos gatos?
2) Quantos gatos foram doados?
3) A que horas os irmãos gatos saíram para a aventura no outro lado da rua?
4) O que existia atrás da casa verde e era grande e bonito?
5) Que cor era a bola com que eles brincaram?
6) Dos brinquedos citados no texto, qual era amarelo?
7) Segundo o texto, de onde as pessoas voltam para casa no inicio da noite?

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TEXTO 3
O gato vaidoso
Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desiguais na sorte. Um, mimado pela dona, dormia em almofadões.
Outro, no borralho. Um passava a leite e comia no colo. O outro por feliz se dava com as espinhas de peixe do lixo.
Certa vez cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:
___Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa de largo...
___ Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te que somos irmãos, criados no mesmo ninho.
___Sou nobre! Sou mais que tu!
___Em quê? Não mias como eu?
___ Mio.
___Não tens rabo como eu?
___Tenho.
___Não caças ratos como eu?
___ Caço.
___ Não comes rato como eu?
___Como.
___Logo, não passas de um simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista desse orgulho idiota e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens ___ o que tens é apenas um bocado mais de sorte ...

De acordo com texto assinale a alternativa correta:

1) Os gatos eram desiguais :
a) no pelo
b) na sorte
c) na linhagem

2) O gato vaidoso era muito :
a) orgulhoso
b) humilde
c) amigo

3) O gato orgulhoso se alimentava de:
a) espinhas de peixe
b) restos de lixo
c) leite

4) Escreva (V) para verdadeiro e (F) para falso :
a) Os gatos têm o mesmo pelo, são iguaizinhos, porque são irmãos.
b) apesar de viverem em condições diferentes, os gatos tinham as mesmas atitudes, como por exemplo, caçar ratos.
c) Os gatos se encontraram no telhado da casa.
d) Um gato tinha mais nobreza do que o outro apesar de serem iguais.

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TEXTO 4
A RAPOSA E AS UVAS
Uma raposa estava com muita fome. Foi quando viu uma parreira cheia de lindos cachos de uva.
Imediatamente começou a dar pulos para ver se pegava as uvas. Mas a latada era muito alta e, por mais que pulasse, a raposa não as alcançava.
— Estão verdes — disse, com ar de desprezo.
E já ia seguindo o seu caminho, quando ouviu um pequeno ruído.
Pensando que era uma uva caindo, deu um pulo para abocanhá-la. Era apenas uma folha e a raposa foi-se embora, olhando disfarçadamente para os lados. Precisava ter certeza de que ninguém percebera que queria as uvas.
Também é assim com as pessoas: quando não podem ter o que desejam, fingem que não o desejam.
(12 fábulas de Esopo. Trad. por Fernanda Lopes de Almeida. São Paulo: Ática, 1994.)

TEXTO 5
A RAPOSA E AS UVAS
De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista.
Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uva maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas.
Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: “Ah, também não tem importância. Estão muito verdes”. E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular, e havia o risco de despencar, esticou a pata e… conseguiu! Com avidez, colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!
Moral: A frustração é uma forma de julgamento como qualquer outra.
(Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991. p. 118.)

1. Fábula é uma pequena narrativa, muito simples, em que as personagens geralmente são animais.
a) Na fábula de Esopo, a raposa, com fome, vê “lindos cachos de uva”. Se os cachos eram lindos, por que, então, a raposa diz que as uvas estavam verdes?
b) A raposa, não alcançando as uvas, vai embora. Que fato posterior a esse comprova que a raposa mentia ao dizer que as uvas estavam verdes?

2. As fábulas sempre terminam com uma moral da história, isto é, com um ensinamento.
a) Identifique no texto o parágrafo que contém a moral da fábula de Esopo.
b) Qual das frases abaixo traduz a ideia principal da fábula de Esopo?
• Quem não tem, despreza o que deseja.
• A mentira tem pernas curtas.
• Quem não tem o que deseja, sente inveja dos outros.

3. Compare a versão de Millôr Fernandes à de Esopo.
a) Até certo ponto da história, as duas fábulas são praticamente iguais. A partir de que trecho a versão de Millôr fica diferente da versão de Esopo?
b) Qual é o fato da versão de Millôr que altera completamente a história?

4. Na fábula de Esopo, lemos: “a latada era muito alta e, por mais que pulasse, a raposa não as alcançava”. Em qual das frases abaixo a expressão destacada tem sentido mais aproximado ao da expressão por mais que?
a) Uma vez que pulava, a raposa não as alcançava.
b) A não ser que pulasse, a raposa não as alcançaria.
c) Mesmo que pulasse, a raposa não as alcançaria.
d) Quando pulava, a raposa não as alcançava.

5. Em seu texto, Millôr Fernandes empregou as expressões fome de quatro dias e gula de todos os tempos.
a) Qual a diferença entre fome e gula?
b) O que significa gula de todos os tempos?

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QUESTIONÁRIO
01. Leia o texto abaixo:
-- Tua mãe, tua avó, tua bisavó, Bento. Por que só mulheres nessa tua ascendência?
-- Elas eram sempre mais corajosas que os homens.
Filipa sorriu:
-- É sempre assim.
Ele calou, detestando-se pelo que falara. Sabia o quanto era verdadeira a ousadia das mulheres, o quanto eram covardes os homens na sua família. Ele próprio, às vezes, diante de Filipa, não se sentia uma criança?
Ela continuou:
-- E ademais, Bento: te acreditas a salvo, porque atravessaste o mar, porque estás a meses de barca do alcance da Inquisição. Tanta ingenuidade assoma os limites da asneira. Deixa que eu te repita mais uma vez, meu caro Bento: os braços da Inquisição são como os braços de um polvo. Lembras aquele que vimos sobre as pedras do mar, em Olinda?
Ele lembrava.
-- Numerosos, longos, podendo se esticar, se espalhar além do corpo. E sabes que o corpo da Santa Inquisição é enorme, uma coisa apodrecida e unida à massa da Igreja. E, apesar de podre, a mais forte, a mais poderosa.
Ele reagiu:
-- Mas não chegarão aqui. O interesse da coroa é que esta parte do mundo seja povoada. Cristãos-velhos ou novos, judeus ou não, importa que se multipliquem as cabeças e os braços para a lavoura.

FERREIRA, Luzilá Gonçalves. Os rios turvos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 49.

Analise as seguintes afirmações:

I. As mulheres da família de Bento se evidenciavam como atuantes e destemidas, e ele tinha consciência disso.
II. Bento, na sua natural ingenuidade, ignora a força paralela que a mulher exerce.
III. Filipa desacreditava na possibilidade de que, um dia, a Inquisição pudesse chegar ao Brasil.
IV. Segundo Bento, os cristãos velhos ou os recém-convertidos, com suas proles, povoariam o País.
V. O texto B, que trabalha um tema histórico, denota a dificuldade, no Brasil colonial, para se acolherem novos judeus.

Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas.
A) I e II.
B) II, III e V.
C) III, IV e V.
D) I e IV.
E) II e IV.

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O texto a seguir é referência para as questões 02, 03, 04 e 05.
Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um enorme tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou que os aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles rebatem a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também funcionam como barreiras para a energia do sol). Ainda é difícil quantificar a influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4 ºC até 2100 – as pessimistas falam em um aumento de até 10º, o que nos colocaria “dentro” de uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças respiratórias, o único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir as emissões de gás carbônico, o verdadeiro vilão da história. (Superinteressante, dez. 2005, p. 16.)

02. Assinale a alternativa cujo sentido NÃO está de acordo com o sentido que a expressão “pode virar um enorme tiro pela culatra” apresenta no texto.
a) Pode ter o efeito contrário do que se pretende.
b) Pode aumentar ainda mais o problema que se quer combater.
c) Pode fazer com que o aquecimento global aumente.
d) Pode provocar diminuição na formação de nuvens.
e) Pode aumentar a ocorrência de doenças respiratórias.

03. Assinale a alternativa cuja afirmativa mantém relações lógicas de acordo com o texto.
a) Os aerossóis seguram o aquecimento global porém estimulam a formação de nuvens.
b) Os aerossóis seguram o aquecimento global mas estimulam a formação de nuvens.
c) Os aerossóis seguram o aquecimento global pois estimulam a formação de nuvens.
d) Os aerossóis seguram o aquecimento global e estimulam a formação de nuvens.
e) Os aerossóis seguram o aquecimento global entretanto estimulam a formação de nuvens.

04. Segundo o texto, “o verdadeiro vilão da história” é(são):
a) o aquecimento global.
b) as emissões de gás carbônico.
c) a formação de nuvens.
d) as doenças respiratórias.
e) as barreiras para a energia do sol.

05. O termo “pessimistas”, em destaque no texto, está se referindo às:
a) temperaturas.
b) pessoas.
c) influências.
d) estimativas.
e) barreiras.

06 Considere as seguintes previsões astrológicas:
I. Tanto a Lua como Vênus _______ a semana mais propícia a negociações. (deixar)
II. Calma e tranqüilidade _______ em seus relacionamentos. (ajudar)
III. Discussões, contratempos financeiros, problemas sentimentais, nada o ________ nesta semana. (atrapalhar)
Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses completam o texto do horóscopo acima de acordo com a norma culta.
a) deixará, ajudará, atrapalhará.
b) deixarão, ajudará, atrapalhará.
c) deixará, ajudarão, atrapalharão.
d) deixarão, ajudarão, atrapalharão.
e) deixarão, ajudarão, atrapalhará.

07. Considere o seguinte trecho:
Em vez do médico do Milan, o doutor José Luiz Runco, da Seleção, é quem deverá ser o responsável pela cirurgia de Cafu. Foi ele quem operou o volante Edu e o atacante Ricardo Oliveira, dois jogadores que tiveram problemas semelhantes no ano passado.
O termo “ele”, em destaque no texto, refere-se:
a) ao médico do Milan.
b) a Cafu.
c) ao doutor José Luiz Runco.
d) ao volante Edu.
e) ao atacante Ricardo Oliveira.

08. Caindo na gandaia
O ex-campeão mundial dos pesos pesados Mike Tyson se esbaldou na noite paulistana. Em duas noites, foi ao Café Photo e ao Bahamas, casas freqüentadas por garotas de programa. Na madrugada da quinta-feira, foi barrado com seis delas no hotel onde estava hospedado, deu gorjeta de US$ 100 a cada uma e foi terminar a noite na boate Love Story. Irritado com o assédio, Tyson agrediu um cinegrafista e foi levado para a delegacia. Ele vai responder por lesões corporais, danos materiais e exercício arbitrário das próprias razões. (Época, nº 391, nov. 2005.)
Segundo o texto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
a) Mike Tyson estava irritado com o assédio das garotas de programa.
b) Mike Tyson foi preso em companhia das garotas.
c) Tyson foi liberado da delegacia por demonstrar exercício arbitrário de suas razões.
d) Mike Tyson, em duas noites, esteve em três boates e uma delegacia.
e) Mike Tyson distribuiu US$ 100 em gorjetas e se esbaldou na noite paulistana.

09. Aparecem novos casos
Cinco novos casos de febre maculosa foram identificados no Rio de Janeiro depois que a doença foi confirmada como causa da morte do superintendente da Vigilância Sanitária Fernando Villas-Boas. A doença também provocou a morte do jornalista Roberto Moura e a internação de um professor aposentado, um menino de 8 anos e uma turista. Em São Paulo, uma garota de 12 anos morreu em decorrência da doença. Ela foi picada por um carrapato quando passeava em um parque. (Época, nº 391, nov. 2005.)
De acordo com as informações do texto acima, assinale a alternativa correta.
a) O texto não aponta a forma provável como a vítima paulista contraiu a febre maculosa.
b) Todas as vítimas da febre maculosa morreram.
c) As vítimas fatais da febre maculosa foram infectadas no Rio de Janeiro.
d) Dos seis infectados, apenas dois sobreviveram.
e) O texto inclui Fernando Villas-Boas na contagem de casos de febre maculosa no Rio de Janeiro.

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O texto a seguir é referência para as questões 01, 02, 03 e 04.

Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um enorme tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou que os aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles rebatem a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também funcionam como barreiras para a energia do sol). Ainda é difícil quantificar a influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4 ºC até 2100 – as pessimistas falam em um aumento de até 10º, o que nos colocaria “dentro” de uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças respiratórias, o único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir as emissões de gás carbônico, o verdadeiro vilão da história. (Superinteressante, dez. 2005, p. 16.)

01. Assinale a alternativa cujo sentido NÃO está de acordo com o sentido que a expressão “pode virar um enorme tiro pela culatra” apresenta no texto.
a) Pode ter o efeito contrário do que se pretende.
b) Pode aumentar ainda mais o problema que se quer combater.
c) Pode fazer com que o aquecimento global aumente.
d) Pode provocar diminuição na formação de nuvens.
e) Pode aumentar a ocorrência de doenças respiratórias.

02. Assinale a alternativa cuja afirmativa mantém relações lógicas de acordo com o texto.
a) Os aerossóis seguram o aquecimento global porém estimulam a formação de nuvens.
b) Os aerossóis seguram o aquecimento global mas estimulam a formação de nuvens.
c) Os aerossóis seguram o aquecimento global pois estimulam a formação de nuvens.
d) Os aerossóis seguram o aquecimento global e estimulam a formação de nuvens.
e) Os aerossóis seguram o aquecimento global entretanto estimulam a formação de nuvens.

03. Segundo o texto, “o verdadeiro vilão da história” é(são):
a) o aquecimento global.
b) as emissões de gás carbônico.
c) a formação de nuvens.
d) as doenças respiratórias.
e) as barreiras para a energia do sol.

04. O termo “pessimistas”, em destaque no texto, está se referindo às:
a) temperaturas.
b) pessoas.
c) influências.
d) estimativas.
e) barreiras.

05 Considere as seguintes previsões astrológicas:
I. Tanto a Lua como Vênus _______ a semana mais propícia a negociações. (deixar)
II. Calma e tranqüilidade _______ em seus relacionamentos. (ajudar)
III. Discussões, contratempos financeiros, problemas sentimentais, nada o ________ nesta semana. (atrapalhar)
Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses completam o texto do horóscopo acima de acordo com a norma culta.
a) deixará, ajudará, atrapalhará.
b) deixarão, ajudará, atrapalhará.
c) deixará, ajudarão, atrapalharão.
d) deixarão, ajudarão, atrapalharão.
e) deixarão, ajudarão, atrapalhará.

06. Considere o seguinte trecho:
Em vez do médico do Milan, o doutor José Luiz Runco, da Seleção, é quem deverá ser o responsável pela cirurgia de Cafu. Foi ele quem operou o volante Edu e o atacante Ricardo Oliveira, dois jogadores que tiveram problemas semelhantes no ano passado.
O termo “ele”, em destaque no texto, refere-se:
a) ao médico do Milan.
b) a Cafu.
c) ao doutor José Luiz Runco.
d) ao volante Edu.
e) ao atacante Ricardo Oliveira.

07. Caindo na gandaia
O ex-campeão mundial dos pesos pesados Mike Tyson se esbaldou na noite paulistana. Em duas noites, foi ao Café Photo e ao Bahamas, casas freqüentadas por garotas de programa. Na madrugada da quinta-feira, foi barrado com seis delas no hotel onde estava hospedado, deu gorjeta de US$ 100 a cada uma e foi terminar a noite na boate Love Story. Irritado com o assédio, Tyson agrediu um cinegrafista e foi levado para a delegacia. Ele vai responder por lesões corporais, danos materiais e exercício arbitrário das próprias razões. (Época, nº 391, nov. 2005.)
Segundo o texto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
a) Mike Tyson estava irritado com o assédio das garotas de programa.
b) Mike Tyson foi preso em companhia das garotas.
c) Tyson foi liberado da delegacia por demonstrar exercício arbitrário de suas razões.
d) Mike Tyson, em duas noites, esteve em três boates e uma delegacia.
e) Mike Tyson distribuiu US$ 100 em gorjetas e se esbaldou na noite paulistana.

08. Aparecem novos casos
Cinco novos casos de febre maculosa foram identificados no Rio de Janeiro depois que a doença foi confirmada como causa da morte do superintendente da Vigilância Sanitária Fernando Villas-Boas. A doença também provocou a morte do jornalista Roberto Moura e a internação de um professor aposentado, um menino de 8 anos e uma turista. Em São Paulo, uma garota de 12 anos morreu em decorrência da doença. Ela foi picada por um carrapato quando passeava em um parque. (Época, nº 391, nov. 2005.)
De acordo com as informações do texto acima, assinale a alternativa correta.
a) O texto não aponta a forma provável como a vítima paulista contraiu a febre maculosa.
b) Todas as vítimas da febre maculosa morreram.
c) As vítimas fatais da febre maculosa foram infectadas no Rio de Janeiro.
d) Dos seis infectados, apenas dois sobreviveram.
e) O texto inclui Fernando Villas-Boas na contagem de casos de febre maculosa no Rio de Janeiro.

09. Leia o texto abaixo:
-- Tua mãe, tua avó, tua bisavó, Bento. Por que só mulheres nessa tua ascendência?
-- Elas eram sempre mais corajosas que os homens.
Filipa sorriu:
-- É sempre assim.
Ele calou, detestando-se pelo que falara. Sabia o quanto era verdadeira a ousadia das mulheres, o quanto eram covardes os homens na sua família. Ele próprio, às vezes, diante de Filipa, não se sentia uma criança?
Ela continuou:
-- E ademais, Bento: te acreditas a salvo, porque atravessaste o mar, porque estás a meses de barca do alcance da Inquisição. Tanta ingenuidade assoma os limites da asneira. Deixa que eu te repita mais uma vez, meu caro Bento: os braços da Inquisição são como os braços de um polvo. Lembras aquele que vimos sobre as pedras do mar, em Olinda?
Ele lembrava.
-- Numerosos, longos, podendo se esticar, se espalhar além do corpo. E sabes que o corpo da Santa Inquisição é enorme, uma coisa apodrecida e unida à massa da Igreja. E, apesar de podre, a mais forte, a mais poderosa.
Ele reagiu:
-- Mas não chegarão aqui. O interesse da coroa é que esta parte do mundo seja povoada. Cristãos-velhos ou novos, judeus ou não, importa que se multipliquem as cabeças e os braços para a lavoura.
FERREIRA, Luzilá Gonçalves. Os rios turvos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 49.

Analise as seguintes afirmações:
I. As mulheres da família de Bento se evidenciavam como atuantes e destemidas, e ele tinha consciência disso.
II. Bento, na sua natural ingenuidade, ignora a força paralela que a mulher exerce.
III. Filipa desacreditava na possibilidade de que, um dia, a Inquisição pudesse chegar ao Brasil.
IV. Segundo Bento, os cristãos velhos ou os recém-convertidos, com suas proles, povoariam o País.
V. O texto B, que trabalha um tema histórico, denota a dificuldade, no Brasil colonial, para se acolherem novos judeus.
Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas.
A) I e II.
B) II, III e V.
C) III, IV e V.
D) I e IV.
E) II e IV.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Feliz 2011

Desejamos a todos...
aos pais, alunos, professores e amigos

Um Excelente 2011!

Que seja cheio de alegrias e realizações.